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As queimadas no Brasil não podem ser entendidas apenas como um fenômeno climático, natural ou acidental, mas como resultado do avanço de um sistema de destruição planetária que prioriza apenas o lucro de poucos em detrimento do sofrimento de muitos, o capitalismo. É evidente que os poderosos através do agronegócio atuam como os principais agentes dessa devastação que estamos presenciando, agora, com sua mais nova versão, o agrofascismo, reflexo direto da decadência da democracia liberal capitalista e da escalada global do ultraliberalismo e do fascismo no mundo. O agrofascismo tem como objetivo principal eliminar a imensa diversidade biológica, étnica e sociocultural existente no território dominado pelo estado brasileiro, ele combate ferozmente todos àqueles que não se adaptam nos padrões sociais da cultura branca ocidental, não é a toa que seus principais alvos são indígenas e suas terras e florestas.

Esperar uma resposta a altura de um Estado que, historicamente, foi e continua sendo ferramenta desses grupos, de um congresso com políticos que quando não são simples fantoches do agronegócio, vide a bancada BBB(Boi, Bala e Biblía), agem sob pressão de grandes grupos econômicos, entregam diversos incentivos fiscais e produzem políticas que facilitam a ocupação e o uso de terras, muitas vezes em áreas protegidas ou de preservação ambiental, é inútil, é preciso lembrar sempre que a história do território dominado pelo Estado brasileiro, é caracterizada por genocídios, saques e violações por diversas mãos imperialistas e poderosos grupos econômicos, tanto locais como transcontinentais, que pertencem à mesma maquinaria de exploração e saque que está nesse momento queimando florestas por todo país.

Mais uma vez, repetimos, é preciso romper com as soluções institucionais baratas que nada fazem além de mitigar a crise permanente, é preciso romper com o imobilismo e agir, construir por nós mesmos as alternativas autônomas contra a devastação climática, apostar na autodefesa popular, na ocupação de terras, no ataque direto contra os agentes da destruição, potencializar nossas comunidades, construir grupos de apoio e de ações que passam pela luta dos movimentos sociais pela terra, chega de escutar políticos, é preciso escutar os povos indígenas em luta por autonomia, que resistem a mais de 500 anos de opressão colonial e destruição do meio ambiente, não existe saída para crise climática se não na luta popular autônoma, pela defesa da terra e pela destruição completa desse sistema e desse modo de vida ecocída

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O PL 1904 fixa em 22 semanas o prazo para aborto legal em qualquer circunstância, mesmo de risco de vida para mãe ou fruto de estupro. Passado esse período, mulheres, meninas e pessoas com útero serão processadas criminalmente por homicídio.

Esse PL é mais um ataque direto da bancada evangélica aos direitos reprodutivos e autonomia sobre o próprio corpo. As implicações desse projeto de lei são cruéis e aprofundam problemas sociais importantes.

Sabemos que o pré natal, apesar de importante, nem sempre esta disponível a todas as gestantes igualmente. Uma mulher gestante que descobre que sua gravidez põe em risco sua própria vida após a 22º semana deve ser obrigada a potencialmente gestar a própria morte?

Sabemos que a maioria dos abusos sexuais ocorrem em meninas menores de 14 anos por parentes e amigos. Uma menina que é abusada e só consegue apoio após a 22ª semana deve ser obrigada a passar pelo processo do parto, um processo fisicamente demandante e para o qual seu corpo ainda não esta totalmente formado, pondo em risco sua vida?

Uma pessoa com útero que sofreu abuso sexual e que por motivos de fisológicos de terapia (pessoas trans), disfunção (SOP, tumores...) ou diminuição de taxa (início da menopausa) hormonal não notou sintomas de gravidez antes da 22 semana deve ser obrigada a lembrar do seu estupro por 9 meses, destruindo seu bem estar psicológico?

Nos somos pessoas, nossos corpos não são incubadoras, a bancada pró estuprador não vai jogar com as nossas vidas dessa forma. É pela vida e dignidade de todas as mulheres, meninas e pessoas com útero 🏴

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Já diria um funk das antigas que fazia a ligação entre essas duas realidades: “Na Faixa de Gaza, só homem-bomba, na guerra é tudo ou nada...” Não é de agora que as Favelas e a Faixa de Gaza possuem seus diálogos. Afinal, compartilhamos dos mesmos problemas e temos os mesmos inimigos, a saber:

  • o racismo e a segregação racial;
  • a violência por parte do Estado Sionista de Israel (Gaza) e do Estado Colonial-Capitalista Brasileiro (Favelas);
  • a violência territorial de grupos armados, como Hamas (Gaza), e do tráfico de drogas e milícias (Favelas);
  • a precariedade da qualidade e das condições de vida etc.

Gaza é a área mais densamente populada do Planeta.

As Favelas são as áreas mais densamente populadas do Brasil. Convivemos com condições degradantes de vida. Não temos acesso garantido ao básico para sobrevivermos. Não nos é garantido, por nossos inimigos em comum, as mínimas condições de uma vida digna, não termos a habitação, a água tratada, saneamento básico, saúde, educação, cultura, lazer, o direito de ir e vir, sabe, coisas básicas para a vida em sociedade. Ao passo que a única coisa que o Estado Sionista de Israel e o Estado Colonial-Capitalista Brasileiro trazem para nós é a violência e a repressão.
Não discordamos que o ataque do Hamas de 07/10/2023 seja um ato que não visava a liberdade do povo palestino. O ponto aqui é que a reação do Estado Sionista de Israel, através das suas Forças Armadas, se assemelha muito à reação das Polícias no Brasil em suas operações de vingança. A reação por parte do Estado nos dois casos tem uma única direção: matar o máximo possível.

A limpeza étnico-racial é o que move a reação do Estado, pois tanto corpos palestinos quanto corpos negros são vistos como descartáveis e representam um perigo para a sociedade.

Tanto no conflito no Oriente Médio quanto no conflito nas Favelas do Brasil há apenas uma ordem: matar. Matar o máximo de corpos indesejáveis. Essa gente que não é considerada humana. Naturaliza-se o genocídio de palestinos e negros. É a ordem do dia: prender e matar. Dentro das suas proporções o que difere o que vem acontecendo na Faixa de Gaza com o que aconteceu na Bahia durante os últimos meses especialmente? Ou a operação de vingança na Baixada Santista em São Paulo? Ou as recorrentes chacinas e “megaoperações” contra o tráfico de drogas nas Favelas do Rio de Janeiro? Ou a violência contra Povos Indígenas, em especial no norte do país? A Faixa de Gaza e as Favelas do Brasil se encontram na dor de viver em um mundo racista, colonial e capitalista. Nossas vidas não valem absolutamente nada para aqueles que controlam tanto o Estado Sionista de Israel quanto o Estado Colonial-Capitalista Brasileiro. Somos corpos descartáveis. Corpos que se não estão submetidos a exploração do capitalismo racial são corpos que podem ser tragados pela violência de ambos os Estados.

Ser solidário/a ao Povo Palestino é também ser solidário/a às Favelas.

Lutar pela liberdade do Povo Palestino é lutar pela autodeterminação e autodefesa de todas as Favelas desse território. Se opor ao projeto de limpeza étnica do Estado Sionista de Israel é se opor às políticas de encarceramento em massa que atinge os/as jovens favelados/as por todo o Brasil. A luta contra o Estado Sionista de Israel deve ser também compreendida como a luta contra o Estado Colonial-Capitalista Brasileiro. Gritar: PALESTINA LIVRE! tem que vir acompanhado do grito: FAVELA LIVRE! A liberdade só poderá ser alcançada quando não houver mais nenhum povo dominado por um Estado Colonial-Capitalista e nem explorado por elites capitalistas. Da Terra ao Mar Palestina Livre! Do Morro ao Afasto Favela Vive!