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Uma postagem marcadas com "genocídio negro"

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O Brasil teve sua origem como um projeto racista de exploração econômica da terra de Pindorama. Após o extermínio e resistência da população nativa, desenvolveu-se um projeto de intenso tráfico humano, sequestrando milhões de pessoas para serem utilizadas como objetos na indústria colonial. A população africana escravizada também se revoltou contra a dominação racista, deixando como um de seus maiores legados a resistência africana de Angola Janga, que por mais de 100 anos resistiu contra a elite latifundiária organizando guerrilhas para a libertação do povo escravizado. O dia 20 de Novembro serve para lembrar a morte e honrar a memória da resistência de Zumbi e Dandara, que juntos resistiram por 15 anos contra a guerra de extermínio liderada pelos bandeirantes e também de todos aqueles que continuaram a sua luta.

O racismo é uma tecnologia de dominação criada pelos povos brancos que vieram da Europa, os quais desejavam expandir seu domínio cultural e econômico de forma opressiva aos outros povos, visando controlar melhor a revolta popular que surge das injustiças sociais. Como Malcolm X e os Panteras Negras frequentemente repetiram, não existe capitalismo sem racismo, assim como também não existe fascismo sem racismo.

Combater o racismo é uma tarefa fundamental para todos que buscam a igualdade e justiça social, lutando pelo fim da exploração e pela transformação radical dessa sociedade. É também um dever da branquitude desistir de sua posição privilegiada para defender os interesses da população preta. O racismo serve para dividir a classe trabalhadora, colocando trabalhadores brancos contra trabalhadores pretos para que ambos sejam economicamente explorados, impondo assim uma dupla exploração aos trabalhadores pretos, tanto econômica quanto racial. Os brancos criaram o racismo, então têm o dever histórico de mostrar apoio genuíno e solidário com as demandas da população preta. O movimento antirracista precisa fortalecer a autonomia e autoorganização das comunidades pretas, lidando diretamente com o impacto do autoritarismo do Estado na vida cotidiana das pessoas.

O movimento antirracista não precisa ensinar aos pretos como se organizar em resistência; eles sabem como fazer desde o momento em que nascem em uma sociedade racista e precisam sobreviver todos os dias.

Vivemos em um dos países onde o racismo opera da maneira mais brutal possível, através da violência policial, do encarceramento em massa e do genocídio do povo negro nas favelas e periferias. O escanteamento dessas pautas por todo o campo da esquerda, da mais revolucionária à mais institucional, é sintoma de uma esquerda ainda tomada por interesses brancos que performa um antirracismo de ocasião que não abala em nada as estruturas que sustentam o capitalismo e a supremacia branca. Neste 20 de novembro, além de honrar a memória e a resistência da luta antirracista, é preciso se perguntar por que não existe um amplo movimento contra o Estado e o encarceramento em massa nesse país. Por que não existe uma revolta de massas contra a violência policial e o genocídio do povo negro, que ano após ano ceifa milhares de vidas? Por que não conseguimos construir tais movimentos? Por que vidas negras são diariamente esquecidas e preteridas? O que podemos fazer para mudar isso? Esta não é apenas mais uma nota de 20 de novembro, mas um chamado urgente para repensar o lugar da luta antirracista no movimento antifascista. O terrorismo de Estado não dá trégua, e qualquer governo, mesmo de esquerda institucional, não pode nem quer se autodeclarar antirracista. Precisamos construir aqui e agora, a partir de cada local, de comunidade, dentro dos seus limites e possibilidades, um movimento antifascista comprometido em derrubar essa sociedade racista e combater esse Estado cativo de opressão colonial.