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2 postagens marcadas com "estado policial"

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Já diria um funk das antigas que fazia a ligação entre essas duas realidades: “Na Faixa de Gaza, só homem-bomba, na guerra é tudo ou nada...” Não é de agora que as Favelas e a Faixa de Gaza possuem seus diálogos. Afinal, compartilhamos dos mesmos problemas e temos os mesmos inimigos, a saber:

  • o racismo e a segregação racial;
  • a violência por parte do Estado Sionista de Israel (Gaza) e do Estado Colonial-Capitalista Brasileiro (Favelas);
  • a violência territorial de grupos armados, como Hamas (Gaza), e do tráfico de drogas e milícias (Favelas);
  • a precariedade da qualidade e das condições de vida etc.

Gaza é a área mais densamente populada do Planeta.

As Favelas são as áreas mais densamente populadas do Brasil. Convivemos com condições degradantes de vida. Não temos acesso garantido ao básico para sobrevivermos. Não nos é garantido, por nossos inimigos em comum, as mínimas condições de uma vida digna, não termos a habitação, a água tratada, saneamento básico, saúde, educação, cultura, lazer, o direito de ir e vir, sabe, coisas básicas para a vida em sociedade. Ao passo que a única coisa que o Estado Sionista de Israel e o Estado Colonial-Capitalista Brasileiro trazem para nós é a violência e a repressão.
Não discordamos que o ataque do Hamas de 07/10/2023 seja um ato que não visava a liberdade do povo palestino. O ponto aqui é que a reação do Estado Sionista de Israel, através das suas Forças Armadas, se assemelha muito à reação das Polícias no Brasil em suas operações de vingança. A reação por parte do Estado nos dois casos tem uma única direção: matar o máximo possível.

A limpeza étnico-racial é o que move a reação do Estado, pois tanto corpos palestinos quanto corpos negros são vistos como descartáveis e representam um perigo para a sociedade.

Tanto no conflito no Oriente Médio quanto no conflito nas Favelas do Brasil há apenas uma ordem: matar. Matar o máximo de corpos indesejáveis. Essa gente que não é considerada humana. Naturaliza-se o genocídio de palestinos e negros. É a ordem do dia: prender e matar. Dentro das suas proporções o que difere o que vem acontecendo na Faixa de Gaza com o que aconteceu na Bahia durante os últimos meses especialmente? Ou a operação de vingança na Baixada Santista em São Paulo? Ou as recorrentes chacinas e “megaoperações” contra o tráfico de drogas nas Favelas do Rio de Janeiro? Ou a violência contra Povos Indígenas, em especial no norte do país? A Faixa de Gaza e as Favelas do Brasil se encontram na dor de viver em um mundo racista, colonial e capitalista. Nossas vidas não valem absolutamente nada para aqueles que controlam tanto o Estado Sionista de Israel quanto o Estado Colonial-Capitalista Brasileiro. Somos corpos descartáveis. Corpos que se não estão submetidos a exploração do capitalismo racial são corpos que podem ser tragados pela violência de ambos os Estados.

Ser solidário/a ao Povo Palestino é também ser solidário/a às Favelas.

Lutar pela liberdade do Povo Palestino é lutar pela autodeterminação e autodefesa de todas as Favelas desse território. Se opor ao projeto de limpeza étnica do Estado Sionista de Israel é se opor às políticas de encarceramento em massa que atinge os/as jovens favelados/as por todo o Brasil. A luta contra o Estado Sionista de Israel deve ser também compreendida como a luta contra o Estado Colonial-Capitalista Brasileiro. Gritar: PALESTINA LIVRE! tem que vir acompanhado do grito: FAVELA LIVRE! A liberdade só poderá ser alcançada quando não houver mais nenhum povo dominado por um Estado Colonial-Capitalista e nem explorado por elites capitalistas. Da Terra ao Mar Palestina Livre! Do Morro ao Afasto Favela Vive!

· Leitura de 3 minutos

O Brasil teve sua origem como um projeto racista de exploração econômica da terra de Pindorama. Após o extermínio e resistência da população nativa, desenvolveu-se um projeto de intenso tráfico humano, sequestrando milhões de pessoas para serem utilizadas como objetos na indústria colonial. A população africana escravizada também se revoltou contra a dominação racista, deixando como um de seus maiores legados a resistência africana de Angola Janga, que por mais de 100 anos resistiu contra a elite latifundiária organizando guerrilhas para a libertação do povo escravizado. O dia 20 de Novembro serve para lembrar a morte e honrar a memória da resistência de Zumbi e Dandara, que juntos resistiram por 15 anos contra a guerra de extermínio liderada pelos bandeirantes e também de todos aqueles que continuaram a sua luta.

O racismo é uma tecnologia de dominação criada pelos povos brancos que vieram da Europa, os quais desejavam expandir seu domínio cultural e econômico de forma opressiva aos outros povos, visando controlar melhor a revolta popular que surge das injustiças sociais. Como Malcolm X e os Panteras Negras frequentemente repetiram, não existe capitalismo sem racismo, assim como também não existe fascismo sem racismo.

Combater o racismo é uma tarefa fundamental para todos que buscam a igualdade e justiça social, lutando pelo fim da exploração e pela transformação radical dessa sociedade. É também um dever da branquitude desistir de sua posição privilegiada para defender os interesses da população preta. O racismo serve para dividir a classe trabalhadora, colocando trabalhadores brancos contra trabalhadores pretos para que ambos sejam economicamente explorados, impondo assim uma dupla exploração aos trabalhadores pretos, tanto econômica quanto racial. Os brancos criaram o racismo, então têm o dever histórico de mostrar apoio genuíno e solidário com as demandas da população preta. O movimento antirracista precisa fortalecer a autonomia e autoorganização das comunidades pretas, lidando diretamente com o impacto do autoritarismo do Estado na vida cotidiana das pessoas.

O movimento antirracista não precisa ensinar aos pretos como se organizar em resistência; eles sabem como fazer desde o momento em que nascem em uma sociedade racista e precisam sobreviver todos os dias.

Vivemos em um dos países onde o racismo opera da maneira mais brutal possível, através da violência policial, do encarceramento em massa e do genocídio do povo negro nas favelas e periferias. O escanteamento dessas pautas por todo o campo da esquerda, da mais revolucionária à mais institucional, é sintoma de uma esquerda ainda tomada por interesses brancos que performa um antirracismo de ocasião que não abala em nada as estruturas que sustentam o capitalismo e a supremacia branca. Neste 20 de novembro, além de honrar a memória e a resistência da luta antirracista, é preciso se perguntar por que não existe um amplo movimento contra o Estado e o encarceramento em massa nesse país. Por que não existe uma revolta de massas contra a violência policial e o genocídio do povo negro, que ano após ano ceifa milhares de vidas? Por que não conseguimos construir tais movimentos? Por que vidas negras são diariamente esquecidas e preteridas? O que podemos fazer para mudar isso? Esta não é apenas mais uma nota de 20 de novembro, mas um chamado urgente para repensar o lugar da luta antirracista no movimento antifascista. O terrorismo de Estado não dá trégua, e qualquer governo, mesmo de esquerda institucional, não pode nem quer se autodeclarar antirracista. Precisamos construir aqui e agora, a partir de cada local, de comunidade, dentro dos seus limites e possibilidades, um movimento antifascista comprometido em derrubar essa sociedade racista e combater esse Estado cativo de opressão colonial.